Sofrimentos classificatórios
A Crônica morreu e ninguém me chamou pro enterro.
O cronista Otto Lara Resende, procurando o atestado de óbito d’A Crônica.
Como a indústria do entretenimento é previsível. Cedo ou tarde, usa o crime pra capturar a atenção do consumidor. Um alien desavisado no planeta imaginaria que somos uma espécie de chupacabras anfetamínicos. Precisamos matar qualquer coisa pra seguir existindo, cozinhando moquecas, levando as crianças na escola, etc.
Dessa vez, a vítima foi A Crônica. Ouvi dizer que o assassino foi o escritor Julian Fuks. Quer dizer, pelo menos, ele identificou o corpo. O tal gênero literário estaria definhando em público, como um rock star fora do controle.
Mas, assim que Fuks divulgou o crime, várias pessoas escritoras se apressaram a desmenti-lo. Como diria o (comprovadamente defunto) Nelson Rodrigues, A Crônica é um cadáver salubérrimo. Mas o FBI ainda trabalha no caso.
E por que estou falando sobre esse assunto mórbido? Porque queria chamar atenção pra um fenômeno mais sutil, o do Sofrimento Classificatório. Ele surge quando de…
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