Sinead O’Connor: o que a morte não leva
Ou como são estranhas as relações parassociais.
Talvez você já saiba que Sinead O’Connor morreu. A notícia me fez pensar sobre como as relações parassociais mudaram nas últimas décadas.
Durante o auge da fama da cantora, eu era adolescente. Manjava pouco de inglês. Não usava internet. Então, surgia aquele rosto na TV, com olhos enormes, lábios pequenos. Uma voz frágil, mas cheia de raiva. O cabelo raspado. Dançando com movimentos duros.
Nos anos 80 e 90 sabíamos menos da vida dos artistas. Você teria que realmente pesquisar, investir tempo pra descobrir detalhes. Relações parassociais baseadas em informação custavam caro.
Mas você sempre poderia imaginar, criar sua própria Sinead O’Connor. Estranhamente, era algo mais democrático: fãs não se viam tão ameaçados pela personalidade dos artistas. Poderiam projetá-las. Não precisavam “checar os antecedentes criminais” da pessoa constantemente.
Assim, mesmo sem entender direito os contextos das letras da cantora, mesmo sem conhecer sua história marcada pelo abuso, era muito fácil se conectar…
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