É, tive que voltar ao Substack. Motivo: diminuir custos. 🤷🏽
Há alguns filmes que poderiam ser chamados de sazonais. Parece que, ao longo das décadas, estamos condenados a refazê-los. Eles ressignificam mitos, reinterpretam estereótipos e mexem com questões tão grudentas e fundamentais que parecem insuperáveis.
RoboCop? 1984? Duna? Fahrenheit 451? Mowgli? Superman? Sim, mas estou falando de 12 Angry Men. A primeira versão é de 1957, dirigida por Sidney Lumet, com Henry Fonda num dos papéis principais. Foi premiadíssimo, virou clássico dos filmes de tribunal, mas meio que flopou nos cinemas.
Acompanhamos uma sessão de juri popular: 12 homens precisam decidir o destino de um jovem pobre, da periferia, que teria assassinado o pai. O réu poderia ser condenado à morte. Então, num dia quente e opressivo, os sujeitos se trancam numa sala pequena e precisam chegar a um consenso.
No começo, parece fácil, a questão soa óbvia. Alguns querem terminar a sessão logo, pra poder voltar aos seus cotidianos. Mas um dos jurados questiona as evidências oferecidas na corte. Aos poucos, ele dissolve a convicção dos outros e a conversa esquenta, justificando o título do filme.
Basicamente, o roteiro trabalha com arquétipos: o imigrante, o extremista, o egoísta que só quer sair dali pra assistir a um jogo, o velho ignorado pela sociedade, etc. O remake de 1997 é razoavelmente fiel ao texto original. Mas, ao assisti-lo, parece outra coisa. Só de ter incluído atores negros já causa uma bela diferença.
Mas o que mudou mesmo é o contexto. A sala quente na qual o drama se desenrola nos parece extremamente familiar: são as redes sociais. Hoje, teríamos rótulos e memes pra cada um dos personagens: o edgelord, o marketeiro ingênuo e distraído, as vítimas do etarismo, da xenofobia e por aí vai.
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