Os países da aviação

O filme Zero Fucks Given mostra os bastidores das companhias aéreas.

Os países da aviação

Adèle Exarchopoulos ensina os procedimentos de segurança do avião.

Toda vez que preciso fazer viagens internacionais, me pergunto o que pode atrair uma pessoa a trabalhar em companhias aéreas.

Que tipo de personalidade e história de vida leva alguém a querer viver em aviões, aeroportos, dutty-free e seus infindáveis Toblerones? Além de enfrentar constantes mudanças de fuso-horário, escalas de trabalho, etc.?

Vontade de conhecer outros países? Desejo de fugir do seu? Tentativa de ter uma vida mais fluida e relacionamentos mais soltos? Sei lá.

Ainda não assisti a um bom documentário sobre os bastidores de companhias aéreas. Um que mostrasse a rotina das tripulações, sem nenhum glamour. Mas o filme belga Zero Fucks Given (Bem-vindo à Bordo), de 2021, dá uma ideia.

Acompanhamos a rotina de uma comissária de bordo, vivida por Adèle Exarchopoulos. É a atriz perfeita pra esse papel, já que ela tem uma presença linear, meio seca, que contrasta com sua aparência extremamente atraente.

O filme mostra que, aparentemente, existe uma sociedade paralela das companhias aéreas. É um ambiente competitivo e tenso, no qual os funcionários se toleram. E tentam compensar os perrengues saindo pra baladas.

Parece uma experiência bastante particular do que é estar em outro país e viver em outra cultura. O funcionário não visita outro país, necessariamente, mas a cultura de aviação dele.

Se Zero Fucks Given não é, exatamente, um grande filme, ajuda a mostrar como as profissões e tecnologias formam novos microcosmos. Se os países são limitados, as fronteiras e imigrações profissionais não param de se multiplicar.