A liga dos Socialistas Utópicos

Evocando os startupeiros socialistas do século 19.

A liga dos Socialistas Utópicos

Fourier, Owen, Saint-Simon e Cabet, A Liga dos Socialistas Utópicos.

Olá, Sr. Alan Moore. Espero que esteja bem e acompanhando esta newsletter. Por que não estaria, né? Tenho uma sugestão genial para o senhor.

Lembra-se de quando escreveu A Liga Extraordinária, que juntava personagens clássicos da literatura para formar uma espécie de time de super-heróis? Pois, então.

Imagine o seguinte cenário: anos 2020, o planeta está passando por uma crise econômica e ambiental. Um grupo de bilionários resolve criar bunkers na Nova Zelândia, campus malucos de vidro, obstáculos para a democracia e para os direitos trabalhistas. Alguns planejam fugir para marte e nos deixar aqui para limpar a sujeira.

De alguma forma, um cientista consegue ressuscitar outro grupo de empresários, famosos no século 19. Entre eles, Charles Fourier, Henri de Saint-Simon, Etienne Cabet e Robert Owen. O filósofo Étienne de La Boétie, morto bem antes (1563), com apenas 32 anos, é a mente conspiratória por trás do grupo. Juntos, eles formam Os Socialistas Utópicos.

É claro que o senhor conhece essas figuras.

Fourier, por exemplo, é tido como um pioneiro do feminismo e do movimento trabalhista. Ele e os outros startupeiros steampunk foram grandes experimentadores e inovadores: em vez de criar aparelhos, inventaram cooperativas, empresas e comunas, para tentar dar uma vida mais digna aos trabalhadores. Seus escritos influenciaram gerações de escritores — de diversas maneiras.

Devo alertar que, assim como a nova geração de empresários, Os Socialistas Utópicos também eram excêntricos. E também compartilhavam da verve solucionista que nos é tão familiar. Essa que tenta “resolver” o mundo a golpes de engenharia.

Alguns propunham mudanças na arquitetura, na estrutura familiar, nas crenças religiosas e até no sexo. E esse foi um dos principais motivos que levaram ao seu cancelamento ao longo da história. Mexer na economia já é perigoso. Mexer nos valores é insuportável.

Sr. Alan Moore, imagine o potencial de uma série dessas! De um lado, Elon Musk, Peter Thiel, Jeff Bezos, entre outros. De outro, essa extraordinária liga de empreendedores socialistas. Desculpe-me se a ideia soa um tanto Siths contra Jedis. Conto com seu talento para evitar os perigos do maniqueísmo.

Então, o que acha? Podemos chamar o Dave Gibbons para ilustrar a história? Ou o senhor acha que o Christophe Chabouté toparia um projeto desses?


Música

Peter Gabriel está de volta. A vibe desse single não foge muito do mega hit “Sledgehammer”.


Cultura

  • Claire Dederer fala sobre seu livro Monsters: A Fan’s Dilemma, num dos podcasts da Vox. Na cultura da Internet de hoje, é possível (e desejável) separar a obra de um artista de sua vida pessoal? Esse debate mudou muito minha visão sobre o assunto.

O estranho universo por trás dos cenários do Looney Tunes. Nunca reparei que eles estão sempre vazios. Nem que alguns são baseados em pinturas famosas.


É isso por hoje. Obrigado por ler. Obrigado a todos os apoiadores.

Até a próxima,

Eduf